Notas de uma mente inquieta

Anora

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Tirando logo a polêmica da frente: não acho que deveria ter ganhado Oscar de melhor filme, nem o Oscar de melhor atriz e vou tentar explicar o porque dessa minha opinião.

Anora é um filme inicialmente bem clichê. Toda aquela esbórnia alimentada por um filhinho de papai vivendo nos EUA, o país livre, comprando amizades e amores já foi repetida um milhão de vezes na cultura pop. Um casal de jovens regados a drogas e aventuras que resolve casar em Vegas também não é nada novo. Uma gata borralheira que vê seu momento de Cinderela ao casar com um príncipe encantado moderno também é mais batido que começar o filme acordando...

Com essa onda de mesmices e peitos superados, o filme evolui de uma maneira muito legal. Desde que os capangas do Pai entram na história em tentar resolver mais uma das peripécias do "garoto" o filme deixa exposto o tom certo para toda a história que é a do humor. Anora é um filme de comédia que usa como plano de fundo a cultura russa nos EUA, e como filme de comédia cumpre muito bem o seu papel. Eu realmente me diverti e dei umas boas risadas com toda aquela loucura de um Se beber, não case! as avessas.

Mas aí que está a questão inicial, Se beber, não case! é um filme muito bem avaliado. Eu acho engraçadíssimo, diga-se de passagem, mas você daria um Oscar de melhor filme para ele? Não quero entrar no mérito de que existe sim um preconceito contra filmes de comédia em grandes premiações mas, no meu entendimento, Anora não entra nesse questionamento. A trama não se segura além da comédia banal, a cinematografia não agrega em nada e todas as outras características técnicas são bem medíocres.

Achei o prêmio de melhor atriz um vacilo ainda maior. A atuação da Madison não é ruim, pra mim, ela entrega bem o que é exigido para uma personagem que é simplória. Existe uma certa inocência no encantamento da personagem que vai se quebrando até o ápice da cena final onde ela cai em um choque de realidade sobre o que ela oferece para o mundo ante ao que ela esperava. E é possível captar esses entretons na performance da Mikey mas é que mesmo isso não chega aos pés do que foi a atuação da Fernanda Torres. Uma cumpre bem o papel de uma personagem esquecível em um filme clichê, a outra entrega tudo de uma personagem complexa em uma atuação magistral. A única justificativa na minha cabeça disto não ter sido percebido pelos jurados é que eles sequer se deram o trabalho de assistir o filme BR.

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