Notas de uma mente inquieta

Antropoceno: Notas Sobre a Vida na Terra

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Recém passado a pandemia, eu estava precisando de um respiro otimista do mundo. Eu, como uma uma pessoa sem crenças religiosas, estava achando muito difícil de enxergar o lado positivo nesse "novo normal" tão falado. Então, ouvi críticas positivas sobre o livro Humanidade: Uma história otimista do homem que tinha como objetivo justamente trazer essa perspectiva de esperança sobre os seres humanos. Confesso que não gostei do livro. Sequer terminei. Pra mim estava intragável a ideia do autor em caçar coisas positivas no meio do caos. Lembro de uma passagem que o autor tenta amenizar o absurdo da 2a guerra mundial pois as pessoas ainda procuravam os amigos para beber e conversar. Pareceu-me um exercício deliberado de ignorar as coisas ruins para deixar o pouquíssimo que há de bom florescer. Não faz o menor sentido.

Anos atrás, quando assisti o filme Culpa das estrelas no cinema eu senti a mesma coisa. Pessoas com câncer terminal neste mesmo exercício de retidão. Lembro de uma cena esquisitíssima de um adolescente com câncer no pulmão colocando um cigarro apagado na boca com a ideia de "ter controle sobre a doença". Pieegas demaaais!!

Então, imagine ler um livro sobre otimismo com a humanidade escrito pelo autor de Culpa das Estrelas?*

Acredite se quiser, não é de todo ruim. O Antropoceno: Notas Sobre Vida na Terra é dividido em pequenos ensaios sobre temáticas das mais diversas, escritas de uma maneira leve e com paralelos em temas dos mais variados possíveis. Senti-me em uma conversa de bar, onde iniciamos um debate acalorado sobre um tema e terminamos rindo da coincidência de outro. E pra mim, o maior problema é que essa conversa de bar acontece com um estadunidense mega apegado a sua cidade natal, então os temas são extremamente regionais e focados no American way of life, que sendo bem sincero, pouco me interessa. Ele tem um tom meio Sapiens onde traz-se um contexto histórico para coisas do dia a dia com tons de sociologia de boteco. Não escutei nenhum episódio do podcast no qual o livro foi baseado, então não sei se a ideia é justamente essa, como são os mesacasts. E um dos pontos mais positivos do livro são as referências pós cada capítulo. Parece que agora tenho um guia de conteúdo para assuntos aleatórios.

Sobre a visão positivista da Humanidade, eu gostei em como foi trabalhada. Um dos capítulos finais ele faz um paralelo da pandemia do covid 19 com a primeira guerra mundial, em como as pessoas, semanas antes de tudo mudar, não estava sequer imaginando o que viria. Acho que o Suassuana resumiu perfeitamente o que sinto sobre essa visão:

Os otimistas são ingênuos, e os pessimistas amargos. Sou um realista esperançoso. Sou um homem da esperança.

Destaques para os capítulos: as pinturas rupestres de lascaux, auld lang syne, procurar estranhos no google, banco imobiliário e três fazendeiros a caminho de um baile.

* Eu também tenho preconceito com livros que, na capa, o nome do autor é maior que o da obra.

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