GTA 5
Se bem me lembro, GTA 1 foi um dos primeiros jogos que finalizei na vida. Na época, eu tinha recém ganhado um computador e meu pai tinha conseguido com um amigo dele alguns jogos para PC, entre eles estava esse tal de Grand Theft Auto. Nunca ouvi falar anteriormente. Um cenário onde eu já jogava CS 1.6, e outros jogos 3D, GTA parecia obsoleto e antigo mas meu PC não rodava estes outros então me contentei mesmo assim. Desde do primeiro jogo já virei fã da série.
Ganhei o 5 como presente de aniversário lá pra 2014, ainda na pré-estreia para a Steam. Na época não tinha video game, então tive que aguardar o lançamento para PC para desfrutar dessa jogatina.
Com o anúncio do GTA 6 para 2025, resolvi rejogar alguns jogos da série afim de documentar a experiência para me ajudar a comparar. Comecei pelo San Andreas que foi talvez o que eu tenha mais jogado. Finalizei-o na época das locadoras onde dividíamos memory-card. Quando estava na terceira parte da cidade, alguém gravou por cima do meu jogo e tive que recomeçar 🥲 Aproveitei para apresentar o jogo para o Arthur.
Tá, sei que GTA é um jogo não recomendado para crianças. Refleti bastante sobre a ideia de permitir ou não ele jogar. Acontece que ano passado joguei Ghost of Tsushima com ele, que também é um jogo violento, e foi uma experiência interessante poder conversar com ele sobre isto. Assim como já aconteceu com alguns animes, aproveitava o momento para entender o que ele interpretava das situações e reforçava os pontos negativos e como isso afeta a sociedade. Tanto quanto em animes, quanto em jogos, nós temos um acordo: se eu notar que está influenciando-o negativamente, retiro imediatamente o direito dele acompanhar esse tipo de obras. Entendo que educação é sobre impor limites onde os pais desenham uma área de acesso para as crias. Acontece que eu tento ser um alarme barulhento e não um muro com cerca elétrica.
Feito a meia culpa...
Inacreditavelmente eu ainda sabia vários cheats por pura memória muscular e os ensinei, e como toda pessoa apresentada a saga, ele teve aquele estranhamento da violência explícita mas logo abraçou a ideia de caos. Confesso que na adolescência devo ter gastado algumas horas em lanhouses apenas tocando o terror por Vice City. Hoje, já não curto muito isso. Acho muito mais interessante embarcar na narrativa e entender o crime como consequência das decisões tomadas para o avançar da história. GTA não é um jogo sobre crime puramente, mas um jogo sobre criminosos. Sobre as pessoas por trás dos crimes da sociedade.
Após dedicar algumas horas com CJ, a PSN tirou o San Andreas do catálogo :/
Então, aproveitando o engajamento do Arthur por jogos AAA pulei para o GTA 5. Ele não comprou muito a ideia de seguir a campanha pois estava com dificuldades com a jogabilidade. GTA não é um jogo fácil para pessoas com pouca experiência. Ele possui todo tipo de jogabilidade single players: controle de carro, tiro, fuga, stealth, puzzles, esportes, etc. Não insisti, iniciei a campanha sozinho enquanto ele no tempo dele explorava (explodia helicópteros e roubava carros) o mundo.
Eu já estava com umas 20 horas na campanha, o Trevor já estava na trama principal, quando ele pegou gosto por seguir a campanha também. Ele queria dinheiro para comprar coisas no jogo, e eu o convenci que a melhor maneira de fazer isso é seguir a história, já que o objetivo dos personagens principais é justamente esse.
E aí a mágica das férias escolares aconteceu. Poucos dias depois o Arthur já tinha finalizado o jogo antes de mim. Diga-se de passagem, sem qualquer auxílio meu para nenhum desafio. Ele evoluiu absurdamente suas habilidades como jogador. Por fim, ele estava me dando dicas 😂. Um exemplo, ele não gosta de dirigir longas distância, logo, sempre que possível ele usava os Táxis para isto, coisa que nunca tinha passado pela minha cabeça. Tivemos conversas boas sobre corrupção, drogas, mecânica de automóveis, liberação de armas, papel da família, entre outros.
Ele e eu tomamos caminhos bem diferentes da trama. Ele sempre optava pelos golpes com mais ação e eu optava pela maneira sútil de resolver o problema. No fim, ele optou pela morte do Trevor e eu optei por salvar ambos.
Nestes últimos 10 anos, joguei GTA no PC, no PS3, 4 e 5, e é impressionante como o jogo se mantém atual. A portabilidade para o PS5 é excelente, obviamente é um jogo de 2 gerações passadas mas se mantém melhor do que muito lançamento. Não a toa continua sendo um dos jogos mais relevantes da atualidade. A relação dos três criminosos principais, completamente distintos, e suas consequência para a história é algo muito massa. A evolução dos desafios propostos a partir da escala dos golpes flui muito bem.
Estou muito mas muito ansioso para o 6, ainda mais do que eu estava para o 5. Se eu fosse fazer um exercício de futurologia baseada nas imagens que já vi, eu diria que o foco deles estará em deixar a cidade ainda mais viva, onde os NPCs interferem diretamente nos personagens principais. Importante mencionar que o 5 não reflete todo este boom de redes sociais e vida imersiva da última década. Então, cada NPC ter um computador no bolso será algo usado drasticamente pela narrativa. Em 2013 o normal para pedir táxi (como eu aprendi com o Arthur) era ligando, hoje usamos Uber. A interação com o mundo mudou completamente nesses 12 anos e GTA 6 será um símbolo dessa transição. Será que conseguiremos trabalhar por aplicativos? Será que falará de home-office ou pandemia? Também acho impossível eles não trazerem o efeito Trump pra dentro da história: neofacismo, perseguição a imigrantes, big techs deturpando a democracia, rivaldiade com a China, etc. Acredito também que as decisões alterarem a narrativa será algo ainda mais importante para a história principal. Como mencionei lá em cima, GTA é um jogo não sobre crimes em si mas sobre pessoas que os cometem e espero que esse lado humano seja ainda mais elaborado e retratado.
No mais, só resta aguardar e comparar com isso aqui quando em fim chegar a hora.