Profissão pai
No último mês rolou uma mudança aqui em casa no qual precisamos reorganizar a rotina. Agora pelas manhãs somos apenas eu e o Arthur para tocar as atividades do dia-a-dia. Como ele é meio avesso a mudanças tive que chamá-lo pra conversar e explicar como rolaria daqui pra frente e alinhar os possíveis problemas que poderiam rolar.
Ele tem uma lista de atividades que precisa fazer: arrumar o quarto, higiene, lanchar, estudar, limpar caixinha do Otto, arrumar-se para escola, etc. E eu, apesar de estar em casa pela maravilha do home-office, não estou disponível para ficar cobrando/lembrando ele de cada atividade. Se ele precisa do meu apoio, basta pedir que participo assim que possível mas o trabalho exige minha atenção na grande parte da manhã.
Se você convive comigo com frequência já deve ter ouvido eu falar a frase: "Ser pai/mãe é a profissão mais difícil de todas". Eu realmente acredito nisso!
Se entendermos Trabalhos como a contribuição que nós damos para o mundo, a paternidade é a lapidação do recurso mais importante da sociedade: o ser humano. Cada mini decisão que tomamos ao lidar com o serumaninho gera um efeito borboleta que formará o vizinho/patrão/namorado/presidente de alguém.
Então, eu estava preocupado que as minhas manhãs passariam a ser uma jornada dupla integral na qual caso um destes trabalhos exigissem demais, a minha "produtividade" no outro cairia bastante.
Acontece que essa minha maneira de enxergar mudou com essa nova experiência. O Arthur não é mais a matéria-prima de atuação, ele virou um parceiro de jornada. Um colega que divide as atividades onde posso contar para que cheguemos no objetivo procurado. Onde eu achava que teria que fazer por ele, eu encontrei um cara altamente desenrolado.
Ele já acorda e faz o próprio café da manhã! Uma dessas receitas, sim ele faz mais de uma, é um bolo. O pivete tem disposição pra fazer um bolo quando acorda. Tudo bem que é uma receitinha de 4 ingredientes no microondas mas mesmo assim 🤣
E para todo o resto tem saído da melhor maneira possível. Ele sempre procura cumprir as obrigações o mais cedo possível para ter tempo livre de diversão e ele, por vontade própria, ainda incluiu duas atividades "obrigatórias" na rotina: fazer duolingo e bicicleta ergométrica.
Ele tem sua própria personalidade e maneira de fazer as coisas, por exemplo, ele gosta de estudar escutando música, o que eu acho estranhíssimo; ou prefere arrumar a mochila na sala, subindo e descendo as escadas carregando uma ruma de livros.
Procuro não encrencar com essas coisas, estabelecemos um combinado, basta ele cumprir dentro dos prazos que tá tudo certo, e ele vem satisfazendo completamente minhas expectativas.
Isso me deixou muito orgulhoso. Desde muito cedo o que mais procuro é estimulá-lo a ser autônomo. Conseguir se virar sozinho e saber a hora certa de pedir ajuda. Entender que parte do aprender está no tentar.
E sobre aprender tentando aconteceu um caso engraçado. Como mencionei ele as vezes gosta de fazer um bolo de microondas quando acorda, e nestas primeiras tentativas quando saí para tomar banho e voltei a casa estava com fumaça na cozinha. Logo percebi que era a ideia de fazer o tal bolo.
Ele, lendo pelo TudoGostoso, viu que o tempo de preparo era de 10 minutos, logo ele digitou isso no microondas e não se atentou que o tempo de preparo é diferente do tempo de fogo 🤣
Felizmente, o único prejuízo foi uma cumbuca perdida e a casa cheirando a fumaça por 1 mês. Conversei com ele sobre os perigos do microondas e que tá tudo bem errar, importante é sempre usar aquilo como aprendizado. Até hoje quando ele faz esse preparo ele diz: "Deixei só 3 minutinhos, ein?".
Ainda sobre lanches tem todo um tópico sobre eu preparando a lancheira dele para levar para a escola mas vou fazer isso em outra postagem.
Voltando para a metáfora da profissão, agora enxergando ele como meu colega, acho que estou naquele momento de repasse de conhecimento quando você vai trocar de empresa. Passo as dicas principais, fico tangendo para que não cometa os mesmos erros que já cometi, explico o passo a passo do que fazer quando dá merda, mas no fim ele vai aprender o próprio jeito de encarar os desafios. E concluir que ante essas novas necessidades ele é capaz de se virar sozinho traz um senso de dever cumprido enorme.
Existe uma certa poesia em pensar que empoderar ele para a minha ausência, seja minha maior conquista da presença.