Notas de uma mente inquieta

Superinteressante - abril/2025

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No geral achei bem fraquinha essa edição, tudo pareceu pauta B e mesmo com a justificativa do editor não me convenci que "repetir" os assuntos não seja fruto dessa ausência de assunto.

Eu fico sempre assustado com esse crescimento da quantidade de pessoas evangélicas no Brasil. Ainda mais essa versão das igrejas baladas onde você tem que comprar a agulha e o camelo para garantir a vaga no céu, sempre fico com aquele sorriso meio constrangedor quando assisto os vídeos do Cauê Moura explorando esse universo. Mas nada de novo sobre o Sol, é da natureza do capitalismo querer converter tudo em dinheiro, ou como diria o Emicida:

A sociedade vende até Jesus porque não ia vender rap?

Das novidades tech, o fone com encefalograma parece uma ferramenta útil, recentemente estou assistindo The Pitt e quando vejo eles conectando equipamentos no celular para fazerem exames mais rápidos fico com aquele deslumbre de "o futuro chegou". Por outro lado, fiquei imaginando empresas monitorando o cérebro dos seus funcionários. O carro da Sony com a Honda é mais um grande vem aí que nunca chega.

A matéria sobre a reativação da usina de Three Mile Island é interessante. Mais um capítulo dessa guerra de IAs sobre uma faceta diferente, essa tecnologia exige mais energia que o planeta consegue provê atualmente logo os EUA tá tendo que se rebolar para produzir mais energia. A ironia está que é mais barato reativar usinas nucleares, inclusive as que deram problemas no passado, do que criar novas soluções energéticas. Foco no termo "é mais barato". Fiquei curioso em como isso vai se desenrolar com essas guerras tarifárias e políticas quando a Rússia é o maior fornecedor de urânio enriquecido do planeta.

O artigo sobre a evolução da religião foi o que mais gostei dessa edição. Ultimamente venho refletindo bastante sobre o papel das comunidades para o enfrentamento social e é inegável a relevância que as comunidades religiosas têm para seus membros. Acho que mais iniciativas de comunidades seculares deveriam ocupar esse espaço. Achei muito interessante a perspectiva evolutiva sobre o deslumbramento, sobre a contemplação do magnifíco.

A matéria da capa traz um relato sobre a manutenção dos povos indígenas que não têm contato algum com a civilização moderna. Quando você lê a matéria seguinte, você tem um pouco mais de noção no quanto aquele terreno é extenso e inóspito, permitindo que de fato tenhamos centenas de seres humanos vivendo sem precisar sair daquele ecossistema. Eu só consigo ficar pensando em uns mundos paralelos onde eles facilmente poderiam ser os últimos sobreviventes da Terra. Sabe tudo aquilo que vive no imaginário cultural de apocalipse nuclear, ou até mesmo mais uma pandemia arrasadora, o não-contato com a civilização moderna os protegeria e eles manteriam o mesmo estilo de vida por centenas de anos.

Não conhecia o projeto Amazônia revelada, engraçado que fez todo um escarcéu com a Ratanabá mais vi pouco sendo falado sobre o projeto realmente científico por trás, de fato é algo que precisa de bem mais holofotes, ainda mais entendendo que tudo isso só foi possível a partir de financiamento estrangeiro. A ideia de entender a natureza amazônica como monumentos é deveras criativo e poético. Entender os povos originários brasileiros como druidas é algo que renderia muitas histórias boas, ein?! O uso do LiDar para mapeamento de terreno hostil é muito massa, apenas com 1% da Amazônia mapeada utilizando isso já tivemos diversas descobertas relevantes. Espero que o governo federal invista na manutenção do programa.

A história do bacalhau foi daquelas matérias que só vem para me mostrar que tem uns conhecimentos que nós guardamos na mente que em nada tem a ver com os fatos. Se me perguntassem qual o país que mais exporta bacalhau no mundo eu ia chutar Portugal. Se me dissessem que anos atrás a maior reserva de bacalhau do mundo estava no Canadá eu diria que não tem o mínimo perigo disso ser verdade.

No mais, nada de muito significativo para documentar: não gostei da indicação dos livros, nem filmes, nem gráficos.

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