Notas de uma mente inquieta

The last of us - 2a temporada

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Finalizei o segundo jogo no final do ano passado. Já tinha tentado outras vezes mas sempre parava no meio. O primeiro jogo foi bem mais fluído, finalizei de primeira. Não que seja um problema técnico, pelo contrário, o jogo é muito bem desenvolvido. Tão realista e intenso que fica difícil de absorver os impactos que a narrativa martelam na sua mente. Mesmo assim me forcei a ir até o final porque queria muito viver aquela história até o final. Valeu a pena.

Adaptações são sempre complexas, de jogos vêm se mostrando ainda mais mais complicadas do que o normal. Uma coisa é adaptar a lore, trazer os personagens, mundos, piadas, e criar uma história nova para o cinema/tv, como foi o filme do Mário ou Fallout. Ou até mesmo o episódio especial na primeira temporada de The Last of Us que explorou a vida de um personagem secundário da trama. Outra coisa é trazer a história já existente para um novo formato. E, como neste caso, adaptar um jogo no qual já possui um foco narrativo-cinematográfico é algo completamente inédito. A primeira temporada, que adapta o primeiro jogo, foi até levantada como um caso de sucesso neste quesito.

Confesso que fiquei com um sentimento bem confuso nesta segunda temporada. De maneira bem sucinta, não gostei. Mas eu sabia que não ia gostar desde sempre. Eu sabia que não seria possível adaptar toda a angústia que o segundo jogo traz na busca implacável da Ellie por vingança. Na intensidade da mudança de perspectiva entre os personagens. Na sutileza da passagem de tempo entre cada desafio. Eu tentei me colocar no lugar de uma pessoa que não jogou as obras originais mas tudo parece perder o propósito. Quando você assiste Game of Thrones, você está vendo a materialização do mundo: as escamas dos dragões, as cores das bandeiras, o tilintar das espadas, o sangue derramado em um casamento... O que você ganha assistindo The Last of Us? As mudanças no roteiro não ficaram melhores, o design de produção não ficou melhor, a cinematografia não ficou melhor, e sequer as atuações são melhores.

Não sei porque mas me lembrou um pouco minha relação com Laranja Mecânica, que eu acho o livro fenomenal e não gosto da adaptação cinematográfica. Sei que Kubrick é elogiadíssimo por este filme e até entendo. Só que no livro você entra na cabeça do Alex, você pensa que nem o Alex, e nenhuma obra audiovisual conseguirá converter esta imersão. Talvez seja isso que senti de TLOU 2.

🚨 Área com spoilers 🚨

A morte do Joel no jogo é impactante. Mesmo você tendo recebido qualquer spoiler, viver aquelas cenas no jogo vão ti colocar num estado de tensão imediato. Se você não tem noção do que eu tô dizendo, assiste este vídeo.

Acontece que passado esta etapa, a Ellie e a Abby são as protagonistas. É nelas que vivem as aflições do jogo, os personagens secundários são obstáculos na batalha sangrenta que as duas travam e todo aquele universo caótico, de serafitas e lobos, é um plano de fundo para a briga mortal entre as duas. Na série, eles procuram se manter fiéis aos acontecimentos mas a distribuição de cenas não favorece a criação desta aflição. O Joel ainda tem muito protagonismo, o carisma da Dina rouba cena e a Ellie resumiu-se a birras e explosões.

Para dizer que não gostei de nada, acho que a batalha do segundo episódio fez muito sentido para a narrativa em dividir as atenções do que estava acontecendo, e na limitação dos esforços para a vingança do Joel. Outra mudança que eu particularmente gostei foi em adicionar a conversa entro o Joel e a Ellie sobre os acontecimentos no Hospital vagalume. No jogo, nós temos tempo de explorar e digerir os micro-detalhes que dão a certeza para a Ellie que o Joel tinha mentido pra ela, na série não tinha esse tempo, logo se fez necessário adicionar o diálogo que foi muito bem escrito.

Sobre a próxima temporada, mantenho o sentimento que sei que não vou gostar e mesmo assim assistirei para falar mal por aqui novamente. E quem puder e ainda não tiver feito, joguem TLOU!

#max #review #series