Notas de uma mente inquieta

Superinteressante - março/2025

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Começar esta edição com a reflexão do Bruno Vaiano sobre os "não-lugares" foi muito interessante. Nunca tinha refletido sobre essa pasteurização dos ambientes comuns afim de neutralizar a experiência dos turistas. Quando trabalhei com ArchViz sempre relacionava esse design morto como decisões puramente financeiras mas de fato não tem nada que a globalização não tenha transformado.

Matéria da capa deste mês vem falar sobre todo o mercado Trilionário (com T de tapioca) resultante desta "cultura do bem-estar". Os dados me surpreenderam, na estimativa mais conservadora o mercado supera o da indústria farmacêutica que já é um dos maiores do mundo. Esse volume vem da escala que essa área abrange - desde coisas úteis e importantes para a vida como saúde mental, alimentação saudável, até as maiores picaretagens imaginadas como shot de imunidade ou aromaterapia.
E como era de se esperar, o mercado brasileiro nada mais é do que a tentativa de trazer tudo enlatado dos EUA, um dos países mais permissivos na vigilância desses produtos, com um lobby gigantesco e milhares de crimes cometidos anualmente.
Felizmente, a ANVISA faz um papel importantíssimo nessa regulação por aqui separando "a água suja, do bebê". Eu sou bem descolado de todo esse mercado. Nas minhas tentativas de uma vida saudável, ou trabalhando para a área de beleza e cosméticos, procuro me atentar minimamente sobre os tópicos que surgem mas sempre torço o nariz no fim pois é muito fácil esbarrar nas mais diversas maluquices vendidas.
Achei muito pertinente toda a atenção que deram aos suplementos vitamínicos, produtos estes que estão em 54% das casas dos brasileiros (essa presença é de 75% nos EUA) sendo em sua grande maioria desnecessários.

As duas recomendações de livros dessa edição me chamaram atenção, mas adicionei O dia em que Eva decidiu morrer a minha lista de leituras. Recentemente, li a matéria sobre a morte do Daniel Kahneman e esse assunto ficou ressoanda na minha cabeça por bastante tempo.

A nota sobre o "crash da tequila" é bem curioso. Fiquei me perguntando se isso vai refletir no preço aqui no BR.

Tive um choque gigantesco de ignorância no artigo sobre as relíquias do povo Rapa Nui na Ilha de Páscoa. Por algum motivo estranho eu achava que os Moais ficavam na Austrália e não aqui do lado, no Chile. Eu sempre acho maluquisse imaginar os caras atravessando o Oceano nums barquinhos de mandeira e montando toda uma civilização no meio de uma ilha. Aí quanto mais você entra na História mas você se deprime em quanto nós sempre vilipendiamos os povos nativos. Até mesmo ainda nos dias de hoje, a Coroa inglesa tem relíquias roubadas desse povo and nothing happens fish and tips.

O artigo sobre física quântica só evidencia porque tanta gente cai nas picaretagens desse tópico: quando se tenta explicar o que de fato é o mundo quântico para leigos é quase inteligível. Sempre me lembra aquela anedota:

- Explique sua teoria para os leigos como se fosse a receita para fritar um ovo?
- Tudo bem mas antes me explica como fritar um ovo sem que a outra pessoa saiba o que é um fogão, ou uma frigideira, ou fogo, ou um ovo.

A história dos macacos pregos também é bem legalzinha, curiosa, mas nada demais. Eu fico só devaneando se os homo sapiens deixassem de existir a evolução trilharia o mesmo caminho novamente.

Pô, e o Walter White da vida real é muito engraçado. O cara criava os próprios psicodélicos, testava nele mesmo, não vendia, e escrevia livros e palestras para divulgar o conhecimento mundo afora. Ele realmente acreditava no poder curativo da lombra dos sintéticos e, os estudos mais recentes, mostram que ele tinha seu pé na razão.

Os dados sobre estarem de fato caindo mais aviões do que o passado recente é surpreendente. Sim, existe muito sensacionalismo atrás de cada notícia de quedas de aviões mas de fato, no ano de 2024 caiu mais do que o triplo de aviões do ano de 2023. Mesmo assim, comparado com as décadas passadas ainda estamos muuuito abaixo dos dados registrados. A verdade é que é muito difícil usar estatística para tirar o medo de alguém.

Por fim, queria mais uma vez expressar minha indignação pela pouquíssima atenção dada ao memorável Oscar brasileiro. Na edição anterior já falei sobre isso mas ainda imaginei que eles não tinham tempo suficiente para deliberar ante a incerteza do prêmio. Mas agora com o fato consumado temos apenas um gráfico bobo para falar deste evento me deixou decepcionado.

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